25 April 2007

Liberdade!


Por cada chicotada que nos marca,
por cada chaga que nos fere o peito,
por cada recusa da palavra,
por cada canceroso sobre o leito,
pela fome que a muitos vai matando,
pela miséria envergonhada,
pelos olhos que vão cegando...
Pelos lábios que perderam as palavras,
pelos mortos que não tem sepulturas,
pelas crianças que não tem pais,
pelas desgraças de humanas criaturas.
Pelo pássaro morto quando voa,
por cada baleia assassinada,
por cada bala que mata a toa,
por cada vida logo destroçada,
pela árvore da floresta queimada,
por uma flor que murcha numa jarra,
pela seara que morre numa seca,
pelo dom e pela forca da palavra!
Desejo o impossível?...
Desejo a liberdade!

23 April 2007

Viajante...



Pedes-me actos concretos e reais,
os passos certos para o meu caminho...
Sigo num espaço imprevisto,
sem destino traçado!
Não quero promessas,nem certezas,
nem mapa...
Sou viajante de rotas impossíveis,
linha recta só me traz cansaço.
Encontro medos,rancor ou alegria...
mas e no romper das emoções que me sinto viva!

21 April 2007

Lisboa...

...és chaga aberta sob a lua,
trazes poesia nas entranhas,mistério e graça.
Corpo de mulher devasso,
nua,perdida.
Teu corpo a cada instante
sofre de pavor e desejo.
Pedras gastas rolam pela calcada,
ânsias de loucura percorrem as tuas veias,
prenuncio de orgasmos e de tragédias.
Es bela e doce sob a lua,
musa de de muitos que com guitarras
nas velhas arcadas te fazem serenatas.
Feitas de sonhos e pedras...

20 April 2007

Sou cativa...


...dos teus olhos mar,
das palavras mel.
Leva-me!
Parte comigo!
Leva-me nesta vontade...
Assusta-me esta gaiola dourada,
espreito o jardim secreto
que me ofereces...
Entre ter o teu corpo
e possuir-te escolho
ser tua para sempre.
Mas em gaiola de porta entreaberta...

19 April 2007

5 BLOGGERS THAT MAKE ME THINK AWARD


Confesso que me assustou a responsabilidade que o meu querido amigo Reflexos e Sinais da Alma me passou...Ate porque escolher apenas 5 blogs e difícil. Os escolhidos deverão indicar cinco blogs que os levam a pensar e também, copiar o logotipo e colocar na lateral de seu blog e fazerem um post divulgando seus escolhidos.Mas de tantos que gosto de ler aqui ficam 5 que me fazem pensar :
o meu cantinho escondido

mulheres e deusas

o alquimista

no silencio das palavras

mago dos sonhos




palavras perdidas
(o sexto e dado de coração por tão bela declaração de amor a mulher que ama )
e muito obrigado pelo carinho de quem me visita!um beijinho no vosso vermelhinho

16 April 2007

Grito...


Abro no silêncio uma janela,
no silêncio que me cerca como agua.
No fundo do silencio da minha solidão,
não há nada,é a noite...
A janela e um buraco negro
que me comprime e reduz,
e me transforma numa gota sangue
que aumenta e se faz mar,
onde me afogo e venho a superfície.
E ali fico ,olhando o vácuo
onde nada existe...
Nem noite,nem solidão.
Apenas o eco do grito que veio de longe...

15 April 2007

Henry & June


" A sensualidade é um poder secreto do meu corpo...um dia ela há-de revelar-se vigorosa, abundante.Espera só...Ou não será este o segredo do obstáculo entre nós?que o seu tipo de mulher e volumosa, roliça, enquanto eu serei sempre a virgem-prostituta, o anjo perverso, a mulher sinistra e santa."

Do diário intimo de Anaïs Nin

14 April 2007

Desvendar segredos...


Enquanto o canto não sai da garganta,
Sonhemos as áreas que o vento nos dá.
Deixemos de lado o sonho que espanta,
Ouvindo o murmúrio que o vento nos traz.
Há sempre a quimera dos astros perdidos,
Enquanto a ilusão nos prende nos dedos,
Desejos, certezas, na alma escondidos,
Reflexos de anseios de mistérios e medos...
Se tudo nos foge aos cinco sentidos,
Pra que desvendar segredos?...

(Incenso de gerânio)

13 April 2007

Bailado de folhas


Num bailado de muitas folhas mortas
dançam as minhas ilusões
por estradas íngremes...
caminham as minhas ambições,
tecidas com fios de silencio e distancia...
Anéis brilhantes nos dedos do Tempo.
Se a vida tudo consente
será então um castigo
esta visão da alma reflectida
na terra silenciosa?...
Este sentir da imensidão
numa prisão contida?...
Será castigo esta ambição
que me fustiga sem ira?...
Assim me vou alem de mim
nem principio,nem fim
e o paraíso já não e uma mentira...

Musica...o cantar do vento na minha janela junto com incenso de sândalo

09 April 2007

Desconhecida


Eram cravos vermelhos...
Os teus sorrisos de flores brancas,
teus gestos de ternura,
era de mar o teu olhar
e de marés a tua inquietação.
De raízes o teu amor
e de pedra a tua solidão...
Pedra onde cantava uma fonte...
Trazias girassois nas mãos
e nos braços ramos de hera.
Amante de impossíveis,
de quebrar tantos espelhos
onde há mais de mil anos se via
a correr...Ansioso de encontrar a casa concebida
por fada ou feiticeira.
A que tece sem jeito
a vida com fios dourados de esperanças
e cordas de silêncios,
a que trás dentro de si o mundo
numa prisao contida,
morta num reino de criança
a sonhar estar viva...
O sonho não tem medida!...

08 April 2007

Páscoa...

Como é que podemos ter a certeza de que o caminho que estamos a seguir é o melhor?Não podemos... temos que arriscar!Mas não será essa afinal a essência da vida?!

Santa Páscoa para todos...beijinho

05 April 2007

Madrugadas...


Tem madrugadas como esta, que a minha casa me deixa claustrofóbica...parece que as paredes se juntam e me apertam. E nem os ruídos da madrugada me tranquilizam! Apetece-me sair,sair! Mas acho que e dentro de mim e não para a rua...vou para o duche já que não tenho para onde ir. A agua escorre-me a escaldar pelas costas, mas ponho-a ainda mais quente...numa espécie de castigo que infrinjo involuntariamente a mim própria...passo o gel de banho pela pele, o cheiro pacifica-me momentaneamente. Na sala ouço a musica dos Madredeus. Lavo a cara, esfrego com força como se conseguisse arrancar esta fúria dentro de mim! Saía tudo pelos poros, células mortas, invisíveis, irrecuperáveis! Limpava o corpo e o espírito...enrolo-me na toalha e saio mais tranquila. Sou agora um corpo, uma boca, um nariz, cabeça e cabelo que não reconheço no espelho embaciado. Tenho que me guardar, tenho que me esconder, tenho que me aguentar.Uma pessoa pode perder tudo, mas o registo é que não! Perdemos guerras não por desistência, nem na primeira batalha. Para me derrubarem têm que me empurrar ate eu cair. Que estupidez! Isto não e uma guerra...doí-me a cabeça.

03 April 2007

Permanencia...


Ultimos dias...
Azuis e vermelhos
na praia deserta.
Se ficam palavras que não foram ditas
secas nos lábios, como salinas
na memoria escritas
e o vento a passar, sem as levar
na praia deserta...
Miragens esquecidas,dançam nas ondas
feito meninas
e nas redes dos pescadores,
nas redes vazias,
uma ansiedade, uma incerteza
de todos os dias...
Na areia molhada os passos gravados
ficam em nada aos pés do Tempo
e tu de mãos frias passando por estradas
nunca passadas que já conhecias...
a canção do pinhal,
entorna perfume...
É agora mais forte...
Os olhos da Serra parecem punhais
que mataram a morte.
La estão as rochas, tão carcomidas
olhando as nossas vidas
sabendo o que somos, e o que não somos
ou queríamos ser...
Mudas de tanto saber.
Na praia deserta
de permanência esvoaçam promessas
e gaivotas esquivas.
O mar abafa segredos,
medos gritados dos afogados
e tu sentada, a beira vida
areia escorrendo por entre os dedos.
Já não sabe cantar,
esta a morrer de frio
e tu vais com ele
mas ficas presa por um fio...

02 April 2007

Viver...


Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.



Viver é não conseguir.

Fernando Pessoa

01 April 2007

Manhã...


...que vens vestida de branco
esquecida que o Mundo esta
cheio de prantos e dores.
Só tu manhã, sabes avivar as cores
das esperanças apagadas
pelas madrugadas frias.
As tuas pequenas mãos
cheias de açucenas...
as fontes ensinaram-te
cantigas misteriosas.
O brilho caído das estrelas
paira sobre as lágrimas da noite,
anda no ar um perfume de expectativa.
O teu olhar esconde a vertigem
que é a vida...
E tu, com o teu vestido de renda
a segredar que o dia é uma prenda
a semear esperanças,
por isso és bela e forte!
Vens manhã beijar as pessoas,
as más e as boas,
acordar os vivos que estão mortos
de dor, de raiva, de saudade!
O teu beijo é frescura
a matar a sede de quem não é de água...
onde se esconde a mágoa,
um imenso luto...
Vens de mãos bem cheias de flores,
em promessa de fruto,
mas há inquietação no teu olhar...
Que vão fazer de ti manha?...