Liberdade!
Por cada chicotada que nos marca,
por cada chaga que nos fere o peito,
por cada recusa da palavra,
por cada canceroso sobre o leito,
pela fome que a muitos vai matando,
pela miséria envergonhada,
pelos olhos que vão cegando...
Pelos lábios que perderam as palavras,
pelos mortos que não tem sepulturas,
pelas crianças que não tem pais,
pelas desgraças de humanas criaturas.
Pelo pássaro morto quando voa,
por cada baleia assassinada,
por cada bala que mata a toa,
por cada vida logo destroçada,
pela árvore da floresta queimada,
por uma flor que murcha numa jarra,
pela seara que morre numa seca,
pelo dom e pela forca da palavra!
Desejo o impossível?...
Desejo a liberdade!