28 November 2006

O Sonhador

Agora,
ele já não sonha,
as pálpebras estremecem,
e noite outra vez,
o coração fecha todos os portos,
todas as portas,
e no reverso de cada pagina,
somam-se cicatrizes, escombros,
muitos navios sem leme, sem ancora,
naufragados,
sem espelhos que um dia, nos mares
entre o norte e o sul,
viram contemplar, na inquietação das
vagas,
um rosto aflito que já nada dizia.

José Agostinho Baptista