01 November 2006

Insónia



Não contes noite...
não contes a ninguém
aquilo que vês e ouves acordada.
A raiva dos homens,
as lágrimas das mães,
os gemidos das avós.
Não contes a ninguém
que uma só pessoa e tão só
quando de repente nós e a noite,
ficamos frente a frente...
não fales noite
das orações ouvidas
escorrendo de lábios ressequídos
dos prazeres e risos passageiros,
de tantos nevoeiros fugidos,
de corpos adormecidos...
nem de promessas incertas
aninhadas em almas despertas.
Não digas que fechadas são as portas
julgadas abertas.
Não fales de pessoas imaginadas...
não digas noite!
Não digas a ninguém
o que fizemos de mais um dia.
Um dia de vida oferecido,merecido...
não acordes aquilo que desejamos esquecido.
Não contes sequer
que tens um ventre de mulher
gerando alem dor,
tantos mistérios,jardins e cemitérios...
onde as flores quando tu nasces se ficam da mesma cor.
não contes noite o medo
que do homem que se acende,nem fales da liberdade que um dia prende...