04 March 2007

A Chamada...


Eu vou para la do impossível,
transpondo o espelho que me esconde o mito,
vestida de incerteza, imperceptível,
lábios selados, sem soltar um grito.

La esta a espera uma cidade morta,
sem vidros nas janelas, de paredes esboroadas.
Como um mendigo eu vou de porta em porta,
levo na garganta as perguntas estagnadas.

Não há dia, nem noite ou madrugada,
nem aves, nem frio, nem esquinas com vento.
Tudo quieto, parado, não há duvida, é o nada...
há uma eternidade para desvendar o tempo.

Procuro a sombra desse deus maldito
que de longe me atrai e eu não descubro...
Quero fugir ao contacto interdito,
mas sinto nos ombros uns dedos de veludo.

Quero outra vez o invisível espelho,
sentir o vento bater no meu rosto,
sol renovar meu corpo inteiro...