15 December 2006

Vigia...

Eu felina
arranhando o próprio peito me confesso
de vigia as dunas do deserto
que displicente deixaste
nesta distancia entre os dois...
Eu felina
imóvel,
de lombo tenso e olhar
rasgando a noite amarela
de vigia me confesso...
em busca da gota de agua
que me faça renascer.
Eu felina
electricamente atenta
a cada sobressalto da paisagem
já pronta me confesso
a despir a pele da fera
que esconde a dor e desejo
nas horas de fogo em brasa.
Eu felina
num instante me transformo
e mato esta imensa sede
mergulhando como um peixe
na moringa dos teus lábios.

José Fanha